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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Escola Muito Prazer - Texto 1

CONCEITO DE LÚDICO[1]
Neusa Maria Carlan Sá

Muitos pesquisadores denominam o século XXI como o século da ludicidade. Vivemos em tempos em que diversão, lazer, entretenimento apresentam-se como condições muito perquiridas pela sociedade. E por tornar-se a dimensão lúdica alvo de tantas atenções e desejos, faz-se necessário e fundamental resgatarmos a sua essência, dedicarmos estudos e pesquisas no sentido de evocarmos seu real significado.
Viver ludicamente significa uma forma de intervenção no mundo, indica que não apenas estamos inseridos no mundo mas, sobretudo, que somos ele. Logo, conhecimento, prática e reflexão são as nossas ferramentas para exercermos um protagonismo lúdico ativo.


O QUE É LÚDICO?
Negrine (2000) afirma que a capacidade lúdica está diretamente relacionada a sua pré-história de vida. Acredita ser, antes de mais nada, um estado de espírito e um saber que progressivamente vai se instalando na conduta do ser devido ao seu modo de vida.
O lúdico refere-se a uma dimensão humana que evoca os sentimentos de liberdade e espontaneidade de ação. Abrange atividades despretenciosas, descontraídas e desobrigadas de toda e qualquer espécie de intencionalidade ou vontade alheia. É livre de pressões e avaliações. Caillois (1986) confirma esta idéia explicitando seu entendimento sobre o jogo na perspectiva lúdica:
“Sobre todo, infaliblemente trae consigo uma atmosfera de solaz o de diversión. Descansa y divierte. Evoca uma actividad sin apremios, pero también sin consecuencias para la vida real. Se opone a la seriedad de ésta y de esse modo se ve tachada de frívola. Por outra parte, se opone al trabajo como el tiempo perdido al tiempo bien empleado. Em efecto, el juego no produce nada: ni bienes ni obras”. (pg. 07)
Caillois (1986) afirma que o caráter gratuito presente na atividade lúdica é a característica que mais a deixa desacreditada diante da sociedade moderna. Entretanto, enfatiza que é graças a essa característica que permite que o sujeito se entregue à atividade despreocupadamente.
    Assim, o jogo, a brincadeira, o lazer enquanto atividades livres, gratuitas são protótipos daquilo que representa a atividade lúdica e longe estão de se reduzirem apenas a atividades infantis.
Freinet (1998) denomina de "Práticas Lúdicas Fundamentais" não o exercício específico de alguma atividade, pois ele acredita que qualquer atividade pode ser corrompida na sua essência, dependendo do uso que se faz dela. Logo, para Freinet a dimensão lúdica é:
“(...) um estado de bem-estar que é a exacerbação de nossa necessidade de viver, de subir e de perdurar ao longo do tempo. Atinge a zona superior do nosso ser e só pode ser comparada à impressão que temos por uns instantes de participar de uma ordem superior cuja potência sobre-humana nos ilumina”. (pg.304)

Freinet (1998) refere que este “estado de bem-estar” jamais se restringe à circunscrição de nossa individualidade. Isto é, parte de uma espécie de exaltação íntima de nossa potência para a vida e atinge escalas sociais muito amplas, o que nos fará descobrir e exaltar novas potências íntimas em nosso ser que ocasionará novamente a expansão para o plano social, sendo assim uma vivência inesgotável da dimensão lúdica.

Glossário Português/Espanhol
  • Solaz: prazer;
  • Apremios: pressa, rapidez;
  • Frívola: superficial.
Referências Bibliográficas
1.CAILLOIS, Roger. Los juegos y los hombres: la máscara y el vertigo.  México: Fondo de Cultura económica, 1986;
2.FREINET, Célestin.  A educação do trabalho.  1ª ed. São Paulo-SP : Martins Fontes, 1998;
3.NEGRINE, Airton.  O lúdico no contexto da vida humana: da primeira infância à terceira idade. In: Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico.  1ª ed. Petrópolis-RS : Vozes, 2000;
4.SÁ, NEUSA M.C.  O lúdico na ciranda da vida adulta.  São Leopoldo-RS, 2004.  Dissertação de mestrado, Programa de pós graduação em educação, Unisinos.


[1]Disponível em :  www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo3/ludicidade/neusa/conc_de_ludico.html. Acesso em 28/04/2011.

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