Prazer do Fazer Pedagógico
Intervenções desafiadoras no universo adolescente
Coleção de Slides – Anderson Santos
Saberes adolescentes
A internet é a mais democrática das ferramentas surgidas no século XX. Experimente errar uma palavra no Google!
Vá lá. Digite “vepertino”
Ele não dirá que você está errado e que o correto é VESpertino, assim, enfatizando o erro.
A mensagem na tela será: “você quis dizer: vespertino” e continuará como se o erro fosse acerto.
O word sublinha o erro em vermelho – não marca um X vermelho – e ainda dá sugestão de como corrigir, múltiplas sugestões, como quem dá direções.
Nos diálogos virtuais, as pessoas se esforçam para entender os códigos.
Qualquer um intui que “vo come bergamota” não quer dizer que o avô come a fruta, mas que eu vou comer.
Não... Isto não é uma apologia ao erro. É um olhar sobre o método.
Lidamos com essa geração @.
Alguém pode dizer que o público da escola municipal não tem acesso a tecnologia?
Eles não conhecem MSN, Orkut, Facebook?
A geração @ tende a transformar a tudo e todos em instâncias tecnológicas. Escolas são páginas a serem visitadas, shoppings, lojas e lan houses são adicionados a seus favoritos, e os sujeitos de seus círculos são bloqueados, liberados e clicados quando é necessário acessá-los.
O ambiente da geração @ é multitarefa.
E nós professores?
Seremos POP-UPS saltando com informações indesejadas, apenas para sermos minimizados ou fechados?
Como administrar as tarefas-ferramentas no ambiente multiusuário da sala de aula?
Como participar efetivamente da constituição das pequenas e cotidianas histórias que se linkam, intercruzam e interagem dentro do grupo de adolescentes, sem desconectar-se do saber escolar?
Ser mais do que um POP-UP para ser um gerenciador multitarefa é deixar de ser um espectador para ser um jogador. É entrar no jogo agonístico, no qual o contato com o outro permite deslocamentos e transformações.
Afinal, como nos diz Veiga-Neto, resistência não é a antítese do poder, não é o outro do poder, mas é o outro NUMA relação de poder.
Amizade
Para Foucault, a amizade é uma relação agonística, e o agonismo uma relação que é ao mesmo tempo incitação mútua e luta.
Segundo Ortega, falar em amizade é falar de multiplicidade, intensidade, experimentação e desterritorialização. Longe da concepção romântica, a amizade se trata não tanto de uma oposição frente a frente, quanto de uma provocação contínua.
Se resistir não é nada além de solidificar a relação de poder, e a amizade é incitação mútua e luta, é desterritorialização, podemos, em nossas práticas, procurar por essa provocação contínua, essa incitação mútua?
Como construir essa amizade nos entremeios do poder escolar?
Inimigos Sinceros
• Nietzsche, aforisma 169, A Gaia Ciência
“certos homens têm necessidade de inimigos sinceros se desejam elevar-se até a virtude, à sua virilidade, sua serenidade”
A Opinião dos Adversários
• Nietzsche, aforisma 431, Aurora
“O sábio perfeito eleva, sem querer, seu adversário a uma altura ideal onde desembaraça suas objeções de todos os defeitos e de todas as contingências: só quando o adversário se tornou um deus de armas brilhantes inicia o combate com ele.”
No jogo de poder, na luta da amizade, nessa incitação mútua, há que ser adversário e inimigo sincero. Não há espaços para subestimar, pois o objetivo final é o crescimento, o desafio, o deus de armas brilhantes, é elevar-se até a virtude.
Intervenções desafiadoras
O que interessa ao grupo?
Não se interessam por nada?
O que não gostam de fazer?
Há como tornar este “desgostar”, este “desconhecimento”, algo instigante?
É preciso gostar de algo para entender do assunto?
POSSO ENTENDER DE FUNK E HIPHOP?
MUN-RÁ - Sabotage
Menina Leblon
Vermelho batom
Foi vista com Jow
Malhando na praça
Sabot Canão
Convoca no som
A paz dos irmãos
De toda quebrada
Oitava (estrofe de oito versos) de versos pentassílabos, conhecidos como Redondilha Menor.
O ritmo indica tônicas na segunda e quinta sílabas, um Iambo e um Anapesto.
Outros raps, hiphops e funks também tem métrica?
Como reagimos a uma pessoa que não se interessa por nada de nossas vidas, mas passa todo tempo querendo falar de si, das coisas que viveu, das coisas que conhece, falando de um mundo maravilhoso que, naquele momento, só tens possibilidade de conhecer através dos olhos dele ou dela?
Como reagimos quando uma pessoa começa a falar sobre coisas que conhecemos bem? Damos atenção se esta pessoa demonstra insegurança, ou está falando algo que não é correto?
Mostramos interesse ao que é de nossos alunos?
Quando usamos a cultura do outro em nossos planejamentos, nos interessamos em investigar a fundo aquela realidade?
Há trabalho com projeto, quando o professor não se permite conhecer a fundo aquele tema?
Algumas Práticas
O uso do raciocínio, das construções e das estruturas lógicas são suportes não apenas para a solução de problemas matemáticos, mas para a interpretação de modo geral.
Para resolver uma equação, é preciso identificar o que o problema pede, de que tipo ele é, e o que se pode fazer com ele. Para compreender uma obra de arte contemporânea é preciso identificar de onde e de quem ela vem, o que ela diz, e o que se pode aprender com ela.
Problema 1 - Lógica
• Usando um balde com capacidade para 11 litros, um com capacidade para 5 litros e um com capacidade para 3 litros, explique como calcular com precisão:
• 1 litro
• 7 litros
Problema 2 – Sistemas de Numeração
• Avalie o sistema de numeração abaixo, identifique a unidade, e responda:
• Se ۞ ۞ ۞ ۩ ۩ ۩◙ = 38
• Se ۞ ◙ = 15
• E ◙ 7 = ۩ ۩
• Quanto vale ۞ ۞ ۞ ۞ ۞۩ ۩ ۩ ۩
Problema 3 – Equações
• Pensei em um número, multipliquei por 3, somei 2, dividi por 7 e encontrei 5. Que número pensei?
Oficinas compartilhadas - 1
• Cartões Kirigami
• Trabalhar com o tema “Simetria”, abordando:
» Matemática: geometria
» Ciências: anatomia e características de grupos animais; interações ecológicas, cadeias e teias alimentares
» Artes: trabalho com recortes, colagem (cartões); Japão (arte e aspectos culturais)
» Português + Inglês: linguagens, texto, escrita no cartão
» História + Geografia: Japão – características do país, aspectos da cultura
» Filosofia: oriente x ocidente
Oficinas Compartilhadas – 2
• Razão áurea e proporção divina
• Corpo:
» Matemática: razão áurea no corpo humano – números irracionais
» Ciências: proporção e simetria corporal – anatomia e morfologia dos seres vivos
» Artes: Da Vinci e Vitrúvio
» História + Filosofia: Renascimento
Oficinas Compartilhadas – 3
• Musicalidade
• Ritmo e interpretação:
» Matemática e escalas musicais
» Inglês: trabalhar com músicas estrangeiras e tradução de letras
» Artes: diferentes ritmos e movimentos musicais ao redor do mundo
» Ciências: som (ondas, propagação, audição)
» Português: Ritmo, versos, estrofes, rimas e a teoria poética.
Bibliografia
• FOUCAULT, Michel. O Sujeito e o Poder. In: DREYFUS, Hubert e RABINOW, Paul. Michel Foucault. Uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995a, p. 231-249.
• NIETSCHE. Friedrich. A gaia ciência. São Paulo. Cia das Letras, 2001.
• NIETSCHE, Friedrich. Aurora. São Paulo. Editora Escala, 2004.
• ORTEGA, Francisco. Amizade e Estética em Foucault. Ed. Graal. Rio de Janeiro, 1999.
• SANTOS, Anderson. Etnomatemaética: Um olhar ético sobre um jogo e suas regras. Dissertação (Mestrado em Educação). FACED, UFRGS, Rio Grande do Sul, 2010.
• VEIGA-NETO, Alfredo J.. Foucault & a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2ª ed., 2007.
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